"O diretor de engenharia da Google, Ray Kurzweil, está alinhado com o Sr. Musk nesta questão e entusiasma-se regularmente com a possibilidade de o homem e a máquina se combinarem para otimizar as nossas capacidades e prolongar a nossa vida. Leonhard, no entanto, não partilha esta visão utópica. "Não quero ser confrontado com o desafio de me tornar um ciborgue", diz. "Há coisas que deixaríamos de fazer. Tudo o que é lento e ineficaz deixaria de ser feito, e penso que isso é desumanizador. Além disso, significa que os ricos podem aumentar-se e tornar-se sobre-humanos, enquanto os não aumentados se tornarão inúteis em comparação."
Mas talvez estejamos a adiantar-nos. As experiências actuais com BCIs não invasivos (ou seja, não implantados no interior do crânio) são ainda limitadas no seu âmbito e a tecnologia teria de ser melhorada em várias ordens de grandeza antes de poder aumentar a nossa esperança de vida (ou, na verdade, acabar por semear divisões na sociedade). Mas está a ser feito trabalho fora do campo dos EEGs que pode acelerar essa viagem. A empresa nova-iorquina CTRL-labs produziu uma pulseira que detecta impulsos eléctricos no braço e, segundo o diretor executivo Thomas Reardon, tem todas as capacidades de um implante craniano. "Não há nada que se possa fazer com um chip no cérebro que nós não possamos fazer melhor", vangloriou-se numa entrevista ao The Verge em junho. Em testes, os laboratórios CTRL demonstraram com êxito o movimento de objectos virtuais através da força do pensamento, e os entusiastas dos jogos ficaram fascinados. Uma vez ultrapassados os problemas de velocidade e precisão, esta tecnologia poderá representar uma revolução nos jogos, em que os comandos deixarão de ser necessários e as experiências se tornarão totalmente imersivas. Mas, embora reconheça que é tarefa dos cientistas e das empresas construir este tipo de tecnologia avançada, Leonhard diz que também são responsáveis por efeitos secundários imprevistos. "Se este tipo de realidade aumentada for muito utilizado, penso que vamos ter muitos problemas de saúde, de saúde mental e de défice de atenção". Até onde devemos ir com a convergência do homem e da máquina? "Estou entusiasmado com o futuro", diz ele. "Mas sou um humanista. Não acho que devamos usar a tecnologia para deixar a humanidade para trás."
A fusão do homem com a máquina não é isenta de consequências
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